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Afinal, para aprender Música é preciso ter dom ou basta esforço?

Essa é uma discussão antiga que recebe, a cada dia, argumentos novos.
É comum ouvir depoimentos como: “Não dou para Música”, “Não conseguiria tocar um instrumento musical”, “Não sei cantar”, “Para tocar um instrumento é preciso ter dom”, “Devia ter aprendido quando era criança”, e assim por diante.

Muitos se sentem incapazes de aprender Música sem jamais ter tentado!
Isso se deve, em parte, ao mito de que quem aprende a cantar ou tocar um instrumento musical é um ser diferenciado, que nasceu com a marca especial que o torna destinado à Música. E mais: que o saber musical lhes brota espontaneamente, sem que haja necessidade de dedicação ou esforço para sua aprendizagem.
Que ledo engano! Os leitores que já aprenderam a tocar um instrumento, levando em conta o maior ou menor grau de dificuldade que encontraram, conhecem os desafios e todo esforço que isso demanda.

O desenvolvimento de uma habilidade, assim como a aquisição de uma capacidade, não ocorre de forma mágica. Demanda todo um processo de assimilação de conhecimento que leva tempo, requer trabalho e necessita prática. E é possível aprender em qualquer idade, desde que a pessoa se disponha a isso.

Howard Gardner, autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, fez estudos neurológicos e comprovou cientificamente quais áreas do cérebro entram em ação quando o indivíduo recebe estímulos diversos. Gardner postulou sua teoria propondo inicialmente a existência de sete inteligências ( linguística ou verbal, lógico-matemática, musical, cinestésica corporal, espacial, interpessoal e intrapessoal. Após mais estudos duas novas inteligências foram adicionadas: naturalista e existencial). Sua teoria afirma a existência de todas essas inteligências no ser humano, em algum grau, e a capacidade que temos de desenvolver todas as inteligências ao longo da vida de acordo com estímulos ambientais, culturais, familiares, etc. Trocando em miúdos, somos a composição de várias inteligências que se encontram em níveis diferentes de desenvolvimento, isto é, algumas mais desenvolvidas que outras.

Segundo Gardner embora as inteligências sejam independentes entre si, elas não trabalham separadamente mas se combinam conforme a necessidade, ou seja, de acordo com a situação várias inteligências entram em ação num trabalho conjunto. Parece que nesse ponto o leitor pensa: “Então eu tenho inteligência musical!”. A resposta é sim. Mas em que grau?

A concepção pluralista de Gardner leva em conta as diferenças individuais, com sua diversidade de composições de inteligências; aposta na possibilidade de desenvolver habilidades nos seus vários níveis evolutivos e também no uso do conhecimento aprendido, de forma funcional e integrando informações, em situações novas que surgem para o indivíduo.

Por este ângulo, a aprendizagem da Música já não se aplica a poucos escolhidos pelo toque do talento, mas a todos que desejam desenvolver sua inteligência musical, que lhes é nata e, talvez, pouco estimulada ou trabalhada. Neste sentido, qualquer contato com sons e músicas pode ser o elemento deflagrador deste universo inexplorado: escutar atentamente, pesquisar, reproduzir, cantar, explorar instrumentos musicais e, é claro, se resolver se aventurar por este caminho cheio de prazeres, procurar a orientação de um profissional da Música. Invista nessa ideia!

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